Muito em voga aqui na Europa, mas nem tanto nos Estados Unidos ou no Japão, as caixas de dupla embraiagem parecem fazer as delicias dos condutores europeus. Competentes em condução desportiva, e cómodas – ainda que por vezes ríspidas - em percursos onde outros valores se elevam, as caixas de dupla embraiagem aparentam congregar em si o melhor dos dois mundos: a excelente performance das caixas manuais em condução empenhada; e o “descanso do pé esquerdo” providenciado pelas caixas automáticas em ritmo de passeio.
Hoje quase todas as marcas oferecem como opção esta milagrosa “caixinha de mudanças” que assume as mais diversas designações: PDK na Porsche; DSG na Volkswagen; SST na Mitsubishi; ou DGK na BMW.
O ponto de partida para a nossa conversa poderia ser esta pergunta: Qual é a forma mais rápida de mudar da 2ª relação da caixa para a 3ª de forma simples? A resposta pode parecer patética, nada cientifica nem iluminada mas é: ter as duas engrenadas ao mesmo tempo! Eu disse que resposta era tola… Mas é isso mesmo que a caixa de dupla embraiagem faz – ter duas relações engrenadas ao mesmo tempo.
Hipótese:
Quando um condutor se encontra a circular, por exemplo, em 3ª velocidade a caixa já tem engrenada a 4ª velocidade, porém só uma das mudanças está a transmitir efectivamente movimento às rodas. Como? Fazendo uso de apenas uma de duas embraiagens autónomas. Quando uma está “activa” a outra está “inactiva” não transmitindo qualquer tracção ao veiculo. Assim, quando é dada a ordem de mudança de relação, em vez entrar em cena um complexo sistema de engranagens, acontece algo muito mais simples… uma embraiagem entra em acção e outra entra em “repouso”. Rápido e eficiente.
Na prática o que as marcas fizeram foi “dividir” uma caixa manual em duas caixas com uma embraiagem para cada uma. Para uma das caixas ficaram as mudanças pares (2,4,6…) para a outra ficaram as mudanças ímpares (1,3,5…). Depois é uma questão das embraiagens se irem revezando por forma a auxiliarem a caixa no cumprimento da sua função: desmultiplicar o movimento cambota e transmiti-lo às rodas. Parece simples não é? Mas é só o principio de funcionamento que é simples, porque fazer tudo isto funcionar durante a vida útil de um veículo foi uma missão complicada para técnicos e engenheiros.
Senão vejam a complexidade que reside dentro desta caixinha que é uma maravilha da técnica:
O resultado é aquele que todos nós conhecemos: transmissão de potência contínua às rodas; melhores acelerações; e melhores consumos.
Um conceito que seria perfeito se não tivesse algumas limitações de ordem prática. Nomeadamente a falta de progressividade das embraiagens em ambiente urbano, a relativa facilidade com que o sistema entra em “safe-mode” devido a sobreaquecimento do sistema de embraiagens quando sujeito a uma condução mais empenhada, ou a relativa dificuldade em “digerir” as reduções mais impetuosas. De resto, nada a apontar para além de virtudes. A menos que sejas um verdadeiro amante da condução e não prescindas daquela ligação homem/máquina que só uma verdadeira caixa manual pode oferecer.
Da próxima vez que a tua namorada perguntar o que é uma caixa de dupla embraiagem, vai ficar rendida aos teus conhecimentos. A sério, experimenta…
Sem comentários:
Enviar um comentário